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Disco: “Chance of Rain”, Laurel Halo

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Laurel Halo
Experimental/Electronic/Alternative
http://www.laurelhalo.com/

Por: Cleber Facchi

Laurel Halo

Parece cada vez menos provável que Laurel Halo regresse ao território místico exposto nas confissões de Quarantine (2012). De volta ao cenário de emanações eletrônicas que acompanham o trabalho da norte-americana desde a estreia, como King Felix, em 2010, Halo encontra em Chance of Rain (2013, Hyperdub) a possibilidade de brincar ainda mais com as próprias experiências. Orientado pelas emanações sintéticas da norte-americana – que não parece próxima de nenhuma cena antiga ou recente -, o trabalho sustenta em um corpo de nove composições a possibilidade de Halo diluir essências em um jogo de sons divididos entre a estranheza e as preferências autorais que alimentam a artista.

Extensão natural daquilo que a produtora testou há alguns meses em Behind The Green Door, EP de quatro faixas capazes de reforçar as preferências eletrônicas da artista, com o novo álbum, Halo substitui a linearidade exposta no pequeno registro em prol de um trabalho essencialmente experimental. Ainda que íntima de diversos ensaios testados na música Techno da década de 1990, é na construção de extensas camadas sombrias que a artista investe todas as fichas. São pouco mais de 50 minutos que transformam toda a essência inaugurada no King Felix em um labirinto de pequenas rupturas instrumentais, quase jazzísticas.

Apoiada em diversos elementos testados por Daniel Lopatin – seja com o Oneohtrix Point Never ou no Ford & Lopatin -, Halo faz de cada composição um objeto intencional de experimento. Primeira composição do álbum – Dr. Echt e -Out são apenas vinhetas de abertura e fechamento -, Oneiroi manipula nas batidas e pequenas transições sonoras a base para o que orienta toda a construção seguinte da obra. São pouco mais de sete minutos em que a artista brinca com as batidas, firma sequências tortas de sobreposição, até consolidar um verdadeiro cardápio de ruídos. Enquanto no último EP Laurel parecia convidar os ouvintes para a pista, hoje ela se distancia completamente desse efeito, apostando em um efeito totalmente introspectivo.

Sem que haja qualquer preocupação em produzir um álbum acessível ou minimamente comercial, Halo atravessa toda a extensão da obra com o simples intuito de brincar com a mente e com as interpretações do ouvinte. Enquanto Oneiroi firma de maneira clara as regras de instabilidade que decidem o fluxo do álbum, então Serendip, apresentada logo em sequência, fragmenta ainda mais esse resultado. Dissolvida em um jogo de bases densas, a canção arrasta ruídos e camadas em um jogo sombrio, como se a produtora encontrasse um caminho ainda mais complexo (e tortuoso) dentro dos inventos que vem desenvolvendo. Nunca há certeza ou qualquer forma de garantia no desenvolvimento de cada música.

Embora desenvolvido em um distanciamento ao cenário proposto em Quarantine, Chance of Rain em diversos momentos esbarra em aspectos típicos do álbum de 2012. Basta observar como as bases soturnas de Melt ou da própria faixa-título funcionam como uma extensão do disco anterior, manejando a mesma carga de sobreposições, apenas ausentes da mesma dose de vocalizações tão típicas de músicas como Airsick e Mk Ultra. Mesmo composições mais aceleradas aos moldes de Thrax e Ainnome se apropriam de diversos conceitos próximos, apenas encarados em um fluxo menos ponderado na forma como os arranjos são entregues ao ouvinte.

Talvez o aspecto mais interessante de Laurel Halo com o álbum está no fato de que mesmo imersa em uma nuvem de experimentos eletrônicos, a artista nunca abandona o caráter “orgânico” dos sons. São canções que mantém o mesmo princípio confessional entregue em Quarantine, apenas substituindo as vocalizações arrastadas – e essencialmente dolorosas – de outrora por uma trama de ruídos sintéticos. Uma mesma interpretação dos próprios sentimentos, apenas detalhada em outro formato.

Laurel Halo

Chance of Rain (2013, Hyperdub)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: King Felix, Oneohtrix Point Never e
Ouça: Ainnome, Serendip e Thrax

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